Caminho até casa. Abro a porta, subo as escadas. Doem-me as pernas. Em cada degrau sinto cada músculo a fazer o seu trabalho. Sinto o cansaço, não do dia, esse é mais psicológico, mas o cansaço físico. É o treino. O cansaço que é bom. Que sabe bem. Aquele que me faz sentir que o dia ficou completo. Faz-me apetecer nada mais do que ficar no sofá a ver um filme, contigo. Aquele cansaço que me faz ser uma sem graça (mas que tu adoras), porque nos dias que correm dou mais valor a esse gesto do que a grandes noites de regabofe. Já lá vão os anos. Não me sinto velha, não me sinto desinteressante, nem nada perto. Sinto apenas que sei apreciar as coisas boas de ser uma rapariga pacata, que dá valor ao que tem em casa, sem ser preciso andar por aí numa roda viva, a ocupar o pensamento e as horas, para não pensar no que não dá jeito. Gosto de não sentir a necessidade de ter que procurar a instabilidade para me sentir sei lá o quê. Deve cansar andar sempre à procura do precipício. Deve cansar...outro tipo de cansaço!

(Foi escrito há uns tempos, encontrei nos rascunhos, mas está válido.)

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