Parece egoísta mas não é, de todo

Sei que há milheres de problemas graves na cidade, no país, no mundo. Mas eu também tenho os meus e por mais que queira ajudar o mundo, parece-me que se me concentrar em lidar com o que é meu e me está perto, ajudo mais o mundo do que pensar em tudo e não fizer nada. Tenho contas para pagar, uma vida para avançar, quero filhos para criar e tudo depende que cada dia seja um apoio estável para o dia seguinte. E posto isto, até parece que vou dizer algo gravíssimo e não vou. Mas deparo-me com questões que achava que não ia ter que fazer com esta idade. E encaro-as com uma calma que me assusta, em certos dias. Mas é só isso, calma, não é falta de preocupação, não é desleixe, não é inconsciencia. Esta semana são três exames seguidos, depois de uma semana em que não pude pegar num livro para qualquer um deles. Pensei em não fazer os três já e depois ia a segunda época, pensei em estudar para os três e logo se vê, pensei em estudar para dois e ir aos três e podia ter sorte (essas sorte não me calham na ficha, vou lá eu saber porquê). Dou por mim a estudar mesmo para os três, mal e porcamente claro e com a segunda época em mente, mas a estudar para os três. O primeiro vai hoje. E depois é estudar para quinta e sexta-feira. O mundo não depende disto, mas o meu mundo depende um bocadinho. O mundo não ficará com menos fome nem com mais paz, mas o meu talvez um bocadinho mais de paz, um bocadinho mais perto de um sonho que se realiza mês a mês, ano a ano. Luto por um sonho, como qualquer outra pessoa que luta por um sonho, com a mesma determinação e disciplina que me é possível, porque também defendo que se deve viver nos entretantos e sempre que possível. Cada um é feito pelos seus sonhos e não há sonhos melhores, sonhos maiores nem sonhos mais valiosos. Há sonhos diferentes que fazem diferentes pessoas felizes.

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