Acabou, assim de repente. Normalmente há um aviso, as coisas começam a ficar amarelas, castanhas, avermelhadas e só depois cinzentas, instala-se aquele ahh-e-tal. Desta vez não houve tempo para nada. Nem para um casaquinho assim-assim. Do quente e bom passou-se para o frio e chuva. Instalou-se o Inverno. Parece que veio para ficar, tais são as torrentes de água que persistem em cair. Tal é o frio que sei que ainda se vai agravar. Acabaram as tardes a sentir o sol a aquecer não só a alma mas também. O pôr-do-sol laranja numa esplanada, um fino geladinho, os passeios na praia, a areia quente nos pés, a vontade de um último mergulho. Os corpos cobertos com quase nada, mas sem necessidade de mais. O céu azul, que tão melhor ilumina a cidade. Nem tudo é mau. Chegaram as tardes de filmes no sofá com aquela manta tão boa. Um copo de vinho ao anoitecer. Os scones no lanche de Domingo. O chá antes de ir dormir. As ondas agressivas, que de longe, com aquele casaco e o abraço forte de quem não me quer perder, me parecem tão inofensivas. As tardes de conversa em casa de amigos, com lareira, chocolate quente e muitas gargalhadas. Afinal começou, assim de repente.