Para ti que não hás de ler isto

Por vezes é inexplicável. São aquelas pessoas que menos esperávamos que nos dão as maiores surpresas - positivas ou negativas, neste caso a segunda. São também essas pessoas que são mais difíceis de cortar qualquer tipo de ligação, ou que por vezes quando já se desligou voltam, em pensamento entenda-se. Agora, que já passou algum tempo, distanciada que me encontro dos acontecimentos, vejo como tudo foi apenas uma grande confusão, coisa mais banal!
Cego e entupido de informação que foste, imagino como foi fácil interpretar mal o que disse ou que fui fazendo ao longo do tempo. Acredita que se fosse mais do que uma amizade que eu queria, não estaria a escrever agora, nem teria tentado perceber nada antes. Não me teria custado tanto. As amizades têm para mim um valor diferente. Maior. Mais consistente. Mais difícil de quebrar. Um amor, uma paixão, passa, vale que vale no momento em que existe. Quando acaba é porque chegou ao fim. Uma amizade não. É mais que isso, pelo menos para mim. Imagino que alguém te tenha feito ver as coisas de outra forma, que te foi influênciando ao longo do tempo e era tão mais fácil acreditar e seguir o pensamento dela, que foi o que fizeste. Houve alguém que te levou a tornar real esse "achar" que tinhas, de que eu queria mais. Não queria. Não sei sequer o que te fez achar que sim. O teu ego? o teu "ah e tal todas as miúdas me querem" o "tás tão caídinha", não sei. O facto de ser prestável para as pessoas de quem gosto, de quem sou amiga? Não sei o que te levou a pensar isso quando sempre te disse que não. Ingénua eu? Sou. Defeito de fabrico. Honesta? Também. Se tivesse "caída", às tantas o mais provável era ter-to dito, mesmo sabendo que não querias, mesmo sabendo que era inútil. Daí a minha surpresa quando um dia me deixas de falar. Quando meses depois, depois de algumas tentativas de perceber o que se passou, me dizes que não queres como amiga alguém que diz mal de ti nas costas. Esse foi o meu choque. A quem eu terei dito o quê e que o deturpou e te foi contar de que maneira. Sim, sou uma pessoa com opiniões e que as expressa. Mas dizer mal de um amigo? De ti? Achei que me conhecesses um bocadinho melhor. Só um bocadinho. Nesse dia acho que pouco comi, só me lembro da incredulidade que se apoderou. E logo de seguida, o quanto agora sou eu que não nada. Que teria eu dito, a quem? Tenho dias em que do nada me lembro de alguma coisa que de alguma forma pode ter sido isso que foi mal interpretado. Mas não. Qual o interesse? Não sei. O cérebro prega surpresas dessas. Sei que posso ter feito escolhas menos correctas, quem não as fez? Tu? Aprendi a não julgar ninguém ao longo do tempo. Acho, pelo que conheci de ti, que também não o fazes. Não percebo. Não consigo perceber. O que me parece mais óbvio, nem quero acreditar que seja. Espero que com o tempo consigas ver que perdeste uma boa amiga e apenas isso. Espero que tenha valido a pena. Espero muito sinceramente que sim. Os meus pontos finais vêm assim, por extenso, em papel e caneta - leia-se ecrã e letras - nem o vais ler (mas gostava, para que um dia vejas como estavas enganado e foste injusto), nem tem mais importância que isso. É um ponto final.

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