Shall we dance?


imagem daqui.

Não literalmente, os meus dois pés esquerdos não me permitem essas aventuras. Tenho dias, sim dias e não dia, porque são vários, mais que um, mais que muito de vez em quando. Ia a dizer, tenho dias em que penso porquê, porque não me pôs a minha mãe no ballet, ao invés de natação e mais tarde remo, e ainda tantos outros pelo meio. Tendo ela sido em tempos bailarina, ou aspirante apenas, não é uma pergunta tão disparatada. Talvez por isso mesmo não me tenha inscrito nunca. Seria eu agora mais harmoniosa, mais delicada no meu dia-a-dia? Aparentemente mais sensível às pequenas coisas? Seria eu vista com outros olhos numa primeira aparição? Não que me preocupe como me vêm, mas teria eu aquele ar angélico e frágil que tão bem visualizo nas bailarinas, tal qual uma donzela em apuros? Mesmo sob um corpo tonificado e delineado, a graciosidade com que se deslocam e movimentam transmite uma paz que provavelmente nem elas sentem. Talvez eu acreditar que elas aparentam precisar de quem as salve, mais do que eu, e que há sempre lá alguém pronto a salvá-las, não passe de uma ilusão de infância e muitos desenhos animados. A realidade é que me questiono como guardo tão bem a harmonia e graciosidade, que só depois de algum tempo, muito amor, provas que não me vão magoar por dá-cá-aquela-palha, consigo demonstrar toda essa subtileza, amor e dedicação que existe em mim e que de pequeno têm pouco. Será que teria feito realmente diferença a minha primeira inscrição no mundo do desporto?

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