é (deveria ser?) sempre estranho quando as pessoas desaparecem para sempre, fisicamente pelo menos. quando mudam de andar e passam a estar lá em cima a olhar por nós e para nós. eu acredito nisso. eu sei que o meu avô está lá sem cima. deve dar voltas e voltas de vez em quando, mas sei que ele nunca nos abandona. nunca deve parecer que existe uma altura certa, mas os pais vão sempre cedo demais. imagino eu, que graças a deus - e de certeza a outros factores - tenho os meus bem perto - 300km... ou seja uns dias mais que outros. imagino que fique um vazio. que nada do que se sinta seja suficiente. que a dor seja tão intensa que apeteça sucumbir ao desejo de nunca mais sair de um quarto escuro. que nada do que se ouça chegue para nos confortar. mas a vida é uma luta constante. saber que se tem em quem encostar a cabeça, com quem chorar e ficar horas em silêncio sem sentir nenhum desconforto é uma benção. saber que quem vai vai para um lugar melhor, seja lá onde e como for (só imagino que tenha imensa luz!), deveria dar algum consolo. não sei se dará ou não. é capaz de não dar... espero não ter que descobrir tão cedo.

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