Cirurgia II

Acordar de uma anestesia geral nunca é uma coisa gira. Dá frios, dá nauseas, desorientação. Nunca sabemos bem de onde viemos nem como. Mas depois de uns segundos a olhar em redor, a apalpar o corpo e a tomar cosnciência do que se passou lá nos habituamos e agora é pensar na recuperação. O recobro é para onde vamos enquanto acordamos e não, enquanto voltamos ao estado consciente. Já estava eu sentada nas cadeiras, depois de ter direito a bolachas e tudo, e mesmo antes da quebra de tensão, chega uma senhora do bloco operatório que quando acorda o que dizia era, única e simplesmente:

"Onde estou? Como vim aqui parar? Não me lembro.. não me lembro.."

A enfermeira explicava uma e outra vez "foi operada, está na sala de recobro, não se preocupe" e ela insistia:

"Não estão a perceber, eu não sei como vim aqui parar, não me lembro de nada.. Eu estava numa sala e agora estou aqui e não me lembro. O que me fizeram?"

Não é fácil acordar, estávamos lá umas 10 pessoas com ar mais abananado do que saudável, mas nunca pensei que fosse tão difícil, a senhora estava literalmente desesperada e quanto mais se mexia, mais devia doer.


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