Wake up!!

Tenho um deus em casa. Dito assim soa a estranho e não pode ser verdade. Mas visto do ponto de vista deste professor, que foi professor do N., deixa de ser uma falsa realidade. Mas o rapaz é tão modesto, até que nem é grande e quase ninguém diria que é atleta de alto rendimento, quanto mais olímpico. O rapaz está na história de Portugal e os portugueses, alguns nem sabem que ele existe. Eu admiro-o, mas por vezes penso que é apenas porque vejo de perto o tanto que luta, o tanto que alcança e porque também adoro esta modalidade que nos apaixonou. Mas afinal não sou só eu que vejo isso tudo, não são só os olhos de uma namorada apaixonada. Criem heróis e terão uma povo bem mais disciplinado, bem mais determindado para chegar longe na vida. Criem heróis e terão exemplos para que crianças admirem e queiram fazer mais e até melhor. Não deixemos cair no esquecimento tantos que merecem ser recordados.

"Antes de aparecer a ditosa medalha da canoagem, Pedro Fraga e Nuno Mendes eram os heróis providenciais que relevavam com a sua excelência competitiva a apagada participação portuguesa nos Jogos Olímpicos de 2012. O double-scull lusitano, depois de um renhidíssimo apuramento pré-olímpico, foi subindo degraus em Londres até atingir a dimensão majestática da final olímpica. Ali, naquele patamar, todos são bons e a medalha ou não-medalha pode ser questão de circunstância. Obtiveram um fantástico, repito urbi et orbi, um fantástico quinto lugar que corresponde somente à melhor prestação de sempre do remo português.

Chegar ali foi o momento mais elevado de glória do remo português. Ali só chegam os eleitos. Por isso o Pedro e o Nuno, parafraseando Camões, já se libertaram da inexorável lei da morte. Mas parece que já foram esquecidos.

É natural.

Somos um país riquíssimo em prémios Nobel, em patentes científicas, em medalhas de ouro olímpicas. Só destas temos para aí umas 450, patentes científicas 35.634 e prémios Nobel 324. Por isso, tudo o que seja menos que isso é para deitar fora.

Deixem-me relatar-vos algumas acontecências duma vida que se cruzou várias vezes com estes dois heróis do Olimpo desportivo lusitano.

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Por isso, hoje, quero homenageá-los. Dizer-lhes obrigado do fundo da alma. Afirmar-lhes que aqueles que entendem o desporto os não esquecem e têm orgulho no que eles conseguiram. O Pedro e o Nuno continuam, todos os dias, a desbravar os gélidos nevoeiros matinais, a superar as fraquezas do corpo e os desvios da alma porfiando no afã de atingirem a dimensão mais elevada do sonho. Continuando a tentar elevam-se em humanismo e valor desportivo e reforçam a sua expressão exemplar que a grei lusa deve respeitar e honrar. Os anos consecutivos de treino e dedicação, arrostando com incompreensões a vários níveis, nunca fizeram esmorecer o renovado empenho destes campeões. Não desistem, querem ir sempre mais longe, e nós, nós como país só temos de lhes dar as condições para continuarem a navegar na senda do êxito.

Para lá de tudo o que possam conseguir no futuro, o Nuno Mendes e o Pedro Fraga já se podem orgulhar de fazer parte da galeria dos poucos que convivem com a excelência desportiva. Só aos deuses se permite jogar nos campos do Olimpo. Eles já jogam nesse campo há muito tempo."

José Augusto Rodrigues dos Santos

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