O medo é não poder confiar em ninguém. O medo é não saber quem, como, onde, quando ou porquê. O medo é perceber que os valores que me foram transmitidos estão em vias de extinção. É que o grande problema, para quem ainda não percebeu, é a corrupção que se instalou no sistema. Estas gentes que compram e se vendem por dá cá aquela palha (que normalmente vem acompanhado de muitos zeros). Enquanto todos aceitarmos a corrupção passivamente, enquanto todos soubermos que quem é suposto liderar-nos é uma cambada de corruptos que só quer saber do próprio umbigo nunca nos vamos safar, vamos, isso sim, afundar um país. Vamos continuar a caminhar para o abismo. O pior? O pior é não ver alguém decente a aparecer para salvar isto, porque qualquer um que chegue a meio do caminho já entrou no sistema, já se esqueceu dos valores, se é que alguma vez os teve. O medo é pensar como é que alguma vez isto vai terminar. Acabar com os partidos, acabar com o sistema. Mas como? É que eu nem sou de manifestações, mas esta, a surgir, tem todo o meu apoio. Na rua, sem violência, a exigir um país de gente séria. Medo é pensar que isto parece estar enraizado na maneira de ser do povo, por favor, isto não é maneira de viver, nem de lutar por algo melhor. Será que não percebem?
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