Surpesas da vida

Eu não fugi para outras paragens. Nem fui de férias. Só que não me apetece vir aqui. Não tenho nada para dizer. Nem palermices, nem coisas sem interesse, muito menos coisas com interesse. A semana parecia começar como outra qualquer, com uma luz branca típica do Porto, a pensar que nunca mais é sexta para irmos ao casório, para depois então rumar 500km para sul e férias com família e amigos. E de repente, ainda nem era meio dia, e puff. Tudo mudou. Uma estrela subiu ao céu, um Santo olha por nós. O meu avô silenciosamente foi para a sua morada final. O meu avô era uma pessoa muito especial, acho que nunca lhe disse. O meu avô era, provavelmente, a melhor pessoa que alguma vez conheci, e que venha a conhecer. Cheio de bondade, cheio de tudo o que é de bom. O meu avô foi um exemplo de homem e de vida que sempre tive em mente. Acho que nunca lhe disse. Acho que nunca lhe demonstrei o quanto gostava dele. Será que sabia? Acho que nunca o abracei o suficiente. Nunca fui lá a casa tanto quanto devia. O meu avô foi silenciosa e rapidamente, como quem é bom merece, sem sofrer. O meu avô viveu a vida até ao fim lúcido, cheio de memória, activo, divertido, com um amor imenso pela minha avó e pela família. A minha avó é uma mulher forte, mas esta surpresa apanhou-a desprevenida (e a nós todos!). A minha avó vai precisar de nós mais do que nunca e o que eu mais desejo é que viva até ao fim, muitos e muitos mais anos, cheia da mesma energia que a acompanhou até agora. Precisamos que abençoe casamentos, baptizados, que conheça bisnetos e nos continue a reunir sempre, sempre, que possível.A minha avó e o meu avô eram, e são um só, e será sempre assim que os vou lembrar. O meu avô vais estar sempre connosco.

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