Sabes, nevou no Porto este fim-de-semana. Ainda bem que fui a Lisboa, o frio não se fez sentir tanto. Aliás, consegui apanhar um sol ali ao pé do rio. Deu para ver uns e outros. Mais uns que outros. Outras que tal também não as vi. Confesso que também só disse a uma ínfima parte das pessoas que ia. Com ínfima digo quatro ou cinco pessoas. Família não incluída. Dessas quatro ou cinco só vi duas. Não me estou a queixar. Estou só a constatar. É que na realidade nem me apetece assim tanto ver pessoas, muitas pessoas. Algo se passará. Sei que algo se passa quando assim é. Quando me sinto a meter-me no meu casulo. Mas atenção, o meu casulo é muito aconchegador. Há pessoas que são sempre benvindas, nem precisam de convite. Tu fazes parte delas. Ainda não tinhas percebido? É verdade. Aqui entre nós, eu gosto bastante quando quem é bem vindo me toca à porta sem eu estar a espera. É como receber uma carta no correio de alguém que me é querido. Aparece aquele sorriso. Tu podias ter-me dado esse sorriso. Preferiste não. Talvez preferisses sim e não soubeste como, tiveste alguma coisa mais importante ou apenas não te ocorreu. Sabes, nevou no Porto este fim-de-semana. Eu não vi a neve. Gostava de ter visto. Não de a ter sentido, mas apenas visto. Já não vejo neve há tanto tempo. Daquela branca, que cai em flocos que se vê perfeitamente que são de neve, como nos desenhos animados. Sabes? Daquela que fica tudo a parecer limpo e imaculado. Daquela que apetece brincar às guerras de bolas de neve. Em que podemos descer a rua sentados num cartão como se fosse um escorrega gigante. Daquela que vemos lá fora, sabemos que está fria mas estamos no sofá, uma manta e o quente a aquecer-nos. Sabes, nevou no Porto este fim-de-semana.

Sem comentários: