Também te esqueces?

Às vezes esqueço-me. São meses que passam, nem uma palavra. Nem um olhar. Nem o leve perfume. Para ser sincera, já nem sei ao que cheiras. Já não sei qual o tom da tua voz. Mas o olhar dos teus olhos não me esqueço. Nem do sorriso. O som das tuas palavras não se apaga. És fraco. Eu sei. Foste e continuas a sê-lo. Tu também o sabes. Escondes-te da maneira mais fácil. Simplesmente não aparecendo. Quando apareces cais em ti, confessas-te, sentes a dor que a falta de coragem deixa. Mesmo assim não és capaz. Mesmo depois destes anos todos. Mesmo depois de tanto que foi dito e vivido e foi tanto pouco, quase nada. Reapareceste no tornado que te caracteriza. Deixaste tudo revolto. Falaste como se o ano que passou nem tivesse existido, como se os anos que se passaram se resumissem a uma tarde. Porque é sempre assim que o sentimos. Sumiste, agora, de novo. Não to condeno. Tens toda uma vida para a viver. Logo tu que gostas tanto de viver. Solto. Sem amarras. Com medo. Guarda o medo. Deixa entrar a segurança que só outro alguém pode trazer. Que só outro alguém pode levar. Chama-se risco. Histórias por viver, acabam sempre por ser vividas. Eu não tenho pressa. Vou vivendo. Vive também. Boa viagem.

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