Sem tirar nem pôr


Lembro-me de ter havido uma altura em que existiu alguém que me fazia lembrar este senhor de tempos a tempos - sempre que não ia ao barbeiro. E eu tenho um bocadinho de saudades desse tempo. Não desse tempo. Não desse alguém. Um bocadinho desse tempo. Um bocadinho desse alguém. Um bocadinho saber só desse alguém. Sei que é vivo, quase pai de família. Fico-me por aí. Tenho um bocadinho saudades desse tempo. Um bocadinho saudades do que esse tempo representou. É isso. E no fim, quando analiso, não tenho saudades nenhumas. Gosto apenas de recordar. De me lembrar de um lugar onde já fui feliz. Sei que não o voltaria a ser. Fez-me também ser quem sou, bom e mau. Fez-me aprender a dobrar, ceder, ouvir, tolerar. Quanto tolerei. Tenho um mestrado em tolerância. Não me leva a lado nenhum. É mais um daqueles mestrados que deviam acabar com ele. É que no mundo real, no de hoje, a tolerância é vista com olhos diferentes do que eu alguma vez pensei, quando inconscientemente me inscrevi no mestrado. Lembro-me de ter havido uma altura...

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