Hoje houve uma cerimónia que deve ter sido bonita. Não sei, porque não estive lá. Mas só posso desejar e esperar que tenha sido. Foi o dia em que deitaram as cinzas ao mar. Tal como queria e pediu. O mar, esse imenso aglomerado de partículas minúsculas que se estende pelo infinito, que o recebeu tantas vezes, das mais variadas formas, recebeu-o hoje também pela última vez e para sempre. Hoje chegaram-me as lágrimas. Sentada no meu sofá, deixei que caíssem. Que me salgassem a boca. Que me lembrassem todos os momentos, os sorrisos e o cheiro a cachimbo. As saudades e o quanto sei que pareço desligada. Mas guardo-o no coração. Agora sei que sabe, porque vê lá de cima e nos acompanha a todos cá em baixo.

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