Um nó


A palavra é cheia. Como se houvesse uma tampa algures. Pensava que era da altura, do calor e do que comi - sim há dias em que é tipo aspirador. Agora passou o calor, os dias e já não consigo comer. Continuo com o sentimento. Sem tantos factores externos defino-o melhor. É um nó na garganta. É uma vontade de tudo e de nada. É um querer gritar bem alto e ao mesmo tempo guardar tudo só para mim. Guardo. Tenho um nó na garganta. Não me lembro do último. Não sinto que tenha nada por dizer. A tranquilidade acompanha-me. Mas sinto um nó na garganta. Solta-se enquanto corro. Solta-se enquanto pedalo. Solta-se quando ouço música. Quando penso, caminho ou me sento ao teu lado. Quando mergulho no mar. Porque a água salgada limpa e rejuvenesce. Volta quando acordo. Acompanha-me o dia todo. Tenho um nó na garganta. Não sei explicar nem vejo como arranjar explicação. Não sei se fuja, se me deixe quietinha. Tenho um nó na garganta.


[Páro, escuto e penso. Realizo que ... um sussurro rápido e fugidio. Sim, ... tão poucas palavras. E sim, ... Daqui só pode sair alguma coisa boa.]

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