E o que é normal?


Dizem que os olhos são a porta da alma. É verdade que os olhos nos transmitem muito, se não mesmo quase tudo. Um observador atento pode descobrir medo, alegria, tristeza, desejo, mentira, repulsa, paixão num simples olhar. Não é fácil escondê-lo, mesmo que todo o corpo diga o contrário. Mesmo que se grite em voz alta um sentimento antagónico. Da mesma forma o nível de loucura mede-se nos olhos. Aprendi-o cedo. Aprendi cedo a medi-lo. Não há como disfarçar. Dá um aperto no coração e outro na língua quando detectado. Não há nada a fazer, nada a dizer. Há-a em dois tipos, aquela que deixa a pálpebra a meia haste, a loucura "apagada", ideológica que só em casos muito extremos se tornará perigosa para terceiros. Há a outra, que dá aos olhos o poder de quase saltar das órbitas e assim parecerem esbugalhados. Essa, quando reconhecida, deixa o medo instalar-se nos que a rodeiam. Essa deve ser respeitada. Entre esta e a outra há todo um conjunto de loucuras, mais ou menos saudáveis, mais ou menos fáceis de conviver. No fundo, é a loucura que faz girar o mundo. Só não nos deixemos ser apoderados por ela.

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