Há coisas que não mudam

Numa terra pequena todos se conheciam, em tempos não assim tão distantes, mas que já lá vão. Nos dias de hoje as coisas não são bem assim. Há toda uma maior facilidade de deslocação dos habitantes para fora e de visitantes para dentro. O fluxo de pessoas que entra e sai das ruas, casas, apartamentos é muito maior. A facilidade com que nos cruzamos e não nos falamos é perigosa. A naturalidade com que desprezamos o vizinho é estranha. Sem sentido. É por estas e por outras que as grandes cidades só me fascinam em situações muito particulares.

Aqui, numa vila já não tão pequena como há uns bons anos, mas não tão grande em que as coisas passem despercebidas, caminho nas ruas. Um ou dois passeios diários, conforme prescrito. Devagar, devagarinho, poucos me acompanham tal é a velocidade. Ouço uma voz:

-Desculpe menina...

Páro. Olho para trás e vejo a senhora que costuma estar naquela mercearia.

- É da Casa das ?!? não é?

Sou sim...

- Só podia, é filha do ??

Não, da irmã mais velha.

- Ahhhh essa cara, não engana ninguém.. parece que os vejo por aí, como se fosse ontem! Felicidades e cumprimentos à avó...

E é assim, quando a vila é pequena, quando as pessoas se lembram, quando somos fotocópia uns dos outros, aparentemente. Parece que já vivi este momento, não déjà vu, era eu que tinha eu apenas 12 anos.

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